Nos Estados Unidos, uma das principais preocupações do produtor de leite em 2025 é a oscilação das taxas de juros agrícolas. Lá, o índice básico (Federal Funds Rate) chegou a 5,25% em 2023 e, embora esteja em processo de desaceleração, ainda impacta diretamente os financiamentos rurais. O alerta da Hoard’s Dairyman nos EUA foi claro: entender os índices financeiros e o custo do dinheiro é essencial para decidir sobre expansão, compra de insumos e sustentabilidade financeira de longo prazo.
No Brasil, a realidade é parecida — porém, mais desafiadora.
A Selic e seu impacto direto no campo
O Brasil iniciou 2025 com uma Taxa Selic de 10,50% ao ano, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom). Embora esse patamar represente uma queda em relação aos 13,75% registrados em 2023, o crédito rural continua caro e seletivo. Linhas subsidiadas como o Moderfrota ou o Pronaf Mais Alimentos ajudam, mas estão longe de atender a toda a demanda dos produtores, especialmente os médios e grandes.
Com isso, muitos recorrem a linhas de crédito comerciais, atreladas ao CDI ou mesmo ao custo bancário direto, o que pode elevar os encargos para mais de 20% ao ano, especialmente em períodos de alta volatilidade.
Entendendo os índices: o que o banco observa
Assim como nos EUA, o produtor brasileiro precisa entender 5 indicadores-chave antes de buscar crédito:
- Índice de liquidez corrente – Mede a capacidade de pagar dívidas de curto prazo. O ideal é acima de 1,5.
- Índice dívida/ativo – Relação entre passivos e ativos totais. Quanto menor, melhor.
- Cobertura de juros – Lucro operacional dividido pelo custo da dívida. Precisa ser superior a 1,5.
- Retorno sobre os ativos (ROA) – Mede o lucro em relação ao que foi investido.
- Margem líquida – Quanto sobra, de fato, após todos os custos — inclusive financeiros.
O produtor brasileiro está atento?
Uma análise publicada pelo Cepea/USP em março de 2025 mostrou que, apesar da queda na inflação e dos preços mais estáveis do leite, os custos com juros cresceram 14% no acumulado de 12 meses, especialmente entre produtores que financiaram equipamentos, terra ou expansão da produção entre 2021 e 2023.
Esses produtores, agora, enfrentam margens mais apertadas e precisam reavaliar suas estratégias.
Soluções práticas e estratégias seguras
O caminho está em planejamento financeiro, controle de custos e profissionalização da gestão. Aqui vão algumas recomendações inspiradas nas melhores práticas citadas pela Hoard’s Dairyman:
- Crie cenários de análise de taxa de juros: como sua fazenda se comporta com juros de 12%, 15% ou 18% ao ano?
- Priorize investimentos com retorno rápido, como energia solar, melhorias em manejo ou automação de ordenha.
- Trabalhe com um balanço patrimonial atualizado e com apoio técnico (contador rural ou consultor financeiro).
Nosso compromisso
Na Hoard’s Dairyman Brasil, acreditamos que a informação de qualidade é o primeiro insumo de uma fazenda moderna e sustentável. O desafio dos juros é real, mas com dados, gestão e estratégia, ele pode ser vencido.
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